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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O SERVIÇO SOCIAL NA DPCAMI

 

Os programas de atendimento a mulheres em situação de violência, não são considerados como prioridade pelo poder público, recebendo, por esse motivo, pouco apoio técnico e financeiro. A realidade demonstra um descompasso entre o que as mulheres buscam junto aos serviços oferecidos, e o modo como os Profissionais de Serviço Social gostariam de intervir junto a essa problemática, e os recursos técnicos e financeiros que a instituição oferece. Em fim, a falta de uma política social específica e adequada para tratar desta questão é uma lacuna que interfere no exercício do Profissional Social. Exige-se, muitas vezes, destes profissionais a competência nas negociações, qualidade nas propostas, justificativas convincentes, objetivos claros, metodologia operacional e previsão orçamentária mínima possível, ou seja, compatível com o orçamento da instituição e, portanto, exequível, pois não lhes dá contrapartida equivalente. Cabe salientar ainda que, muitas vezes, os projetos são viáveis tecnicamente, mas não são “aceitáveis” politicamente, ocasionando com isto a sua não efetivação. (LISBOA, 2005,96).

Segundo Lisboa (2005,98), a intervenção junto aos fatos de violência contra a mulher, a criança, o idoso e a adolescente acabam provocando desgaste físico e psicológico nos profissionais.

Já, em relação a dificuldades institucionais, os programas ou serviços de atendimento para as mulheres que sofrem violência estão apresentando inúmeros problemas e necessidades, a seguir identificadas.

a) Estrutura física inadequada: em alguns casos, os locais onde estão funcionando os serviços de atendimento encontram-se em péssimo estado de conservação, são prédios muito antigos e não recebem nenhum tipo de investimento na manutenção;

b) Profissionais técnicos especializados insuficientes: o número reduzido de profissionais que trabalham junto à questão impede o atendimento com a qualidade necessária. O cansaço físico e mental decorrente da sobrecarga de trabalho dos profissionais acaba repercutindo na eficiência da equipe;

c) Falta de políticas sociais específicas para essa área: as políticas sociais para essas mulheres estão longe de ser consideradas como prioridades nos planos de governo. Os assistentes sociais têm um papel significativo no que tange à proposição, formulação e execução de políticas sociais para mulheres.

d) Dificuldade para o trabalho em rede: a falta de um trabalho em rede para o atendimento das mulheres em situação de violência acaba dificultando ainda mais a intervenção dos profissionais.

Tais dificuldades resultam na ausência de uma estrutura adequada para o enfrentamento da questão da violência contra a mulher, sendo um reflexo da falta de comprometimento do Estado com a implantação e efetivação de políticas sociais de qualidade, que ofereçam condições de superação da situação vivenciada. (LISBOA, 2005,100).

Sendo assim, durante a realização do estágio I, foi possível observar as dificuldades enfrentadas pelo Assistente Social no desenvolvimento de suas atividades perante esta instituição. Entre elas, podemos destacar a falta de um espaço físico adequado para o atendimento aos usuários que ali chegavam, como exemplo, a sala do Serviço Social, que ficava na sala da Maquina de Cópias/Xerox, onde os funcionários entravam e saiam a todo o momento, sem contar que também era uma área comum onde todos os funcionários transitavam, não oferecendo, portanto, nenhuma privacidade durante a realização do atendimento aos usuários.

Logo, a desvalorização, aliada á falta de reconhecimento profissional nos fez refletir acerca do trabalho do Serviço Social dentro da instituição, já que a equipe técnica da instituição não consegue entender o papel do assistente social, muitas vezes o vê como um mero telefonista ou atendente, não dando o valor devido a este profissional por falta de conhecimento de sua atuação. Tal complexidade da questão nos leva a uma reflexão sobre a trajetória do Serviço Social dentro da DPCAMI, assim como o estudo das contradições enfrentadas por esse profissional. A partir desta premissa podemos identificar as aproximações e distanciamentos entre o Serviço Social e a DPCAMI.

Já, do o ponto de vista sócio histórico, podemos dizer que o Serviço Social e a DPCAMI apresentam uma relativa aproximação, sendo estes os requisitos para atuarem em uma direção na sociedade capitalista, pois trabalham com a questão social, e com a realidade do povo brasileiro. Contudo, a partir do momento que a DPCAMI recebeu a visita do Conselho Regional do Serviço Social (CRESS), a instituição passou a ser obrigada a seguir as diretrizes do conselho, garantindo assim, que o exercício profissional do Assistente Social pudesse vir a ser executado de maneira qualificada e com ética.

No mesmo sentido, de acordo com o disposto no Código de Ética, o Assistente Social que for ofendido ou atingido em sua honra profissional ou deixar de ser respeitado em seus direitos ou prerrogativas definidas em norma, poderá apresentar sua reclamação fundamentada junto ao CRESS. Como podemos notar, a visita do Conselho deu uma nova roupagem para a atuação do Serviço Social.

Dentro dessa perspectiva de estudo, e com o intuito de melhor compreender estas questões, será trabalhado no terceiro capitulo o Projeto de Intervenção desenvolvido durante o estágio na Delegacia de Proteção à Mulher à Criança ao Adolescente e Idoso de Itajaí – DPCAMI com o intuito de demonstrar o fortalecimento da prática do Serviço Social dentro dessa Instituição bem como seus limites e possibilidades.

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